segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Comentário Devocional do Livro de Eclesiastes (7.15-22)

Graça, Paz e Alegria!

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Eclesiastes 7.15-22

15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.
16 Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?
17 Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias antes do teu tempo?
18 Bom é que retenhas isso e que também daquilo não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso.
19 A sabedoria fortalece ao sábio mais do que dez governadores que haja na cidade.
20 Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque.
21 Não escutes a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir o teu servo amaldiçoar-te;
22 pois tu sabes também que muitas vezes tu amaldiçoaste a outros.

Justo perece na sua justiça... E ímpio prolonga seus dias na sua maldade...

É muito complicado quando nos deparamos com isso no "mundo real". Parece que quem faz o certo está errado e que quem faz o errado, consegue mais coisas... Infelizmente, essa é uma realidade cruel! Não acontece com todos, mas é assim com muitos... Há justos que "se dão bem" aos olhos humanos e ímpios que "quebram a cara" também diante dos olhos humanos. Mas acontece mais o contrário: quem faz o certo acaba sofrendo e quem faz o errado, consegue muitas coisas.

Isso quer dizer que vale a pena fazer o errado? Claro que não! O segredo aqui está no "diante dos olhos humanos". Se pensarmos como o autor de Eclesiastes, que se preocupa muito mais em mostrar que mesmo que tudo termine aqui e não haja a eternidade com o Senhor, vamos ver uma realidade cruel: quem faz o certo pode sofrer, e quem faz o errado pode sim ter "fama". Mas essa maior possibilidade diante dos olhos humanos não pode nos "seduzir"! Será mesmo que vale a pena "se dar bem" fazendo o errado? Sabendo que, muitas vezes, para conseguir o que lhe permite alegria, outras pessoas sofreram? Mesmo sem esperanças para depois do que acontece debaixo do sol, será que viver uma vida cheia de erros vale mesmo a pena?

É claro que temos que tomar cuidado com o ser demasiadamente justo... ou sábio... Isso não quer dizer que vamos cometer alguns erros de vez em quando para "equilibrar" a questão! Na verdade, todos nós cometemos erros em algum momento, com maior ou menor gravidade. Logo, precisamos tomar cuidado com algumas situações. Vou citar um exemplo: imagine um pai de família que tenta de todas as formas levar o sustento para casa. Mas nada dá certo. Se ele roubar comida para dar para seu filho, ele estará sim cometendo um crime! Poderá sim ter que responder diante da justiça por esse crime! Mas, mesmo entendendo como errado e mesmo não recomendando nem sonhando com situação igual, precisamos entender a crise que passou esse pai. Está sim errado, mas não cometeu o erro por maldade. Haverá de responder por seu crime, mas ele não é de fato um criminoso! Cometeu um crime, não vive no mundo do crime! Há diferença para que possamos entender! Não ser demasiadamente justo é não condenar sumariamente quem comete um ato desses, ainda que entenda que não seja o certo... Nem mesmo dar todo apoio a um ato que parece certo, sem avaliar o contexto... Pelo menos, entendo assim...

Da mesma forma, não se deve ser demasiadamente ímpio, apenas por notar que parece que dá certo. Você tem todas as condições de fazer o certo, se não todas, muitas, e ainda assim, escolhe o caminho do erro. Não é a última opção, que você nem queria cometer, mas preferiu ir pelo caminho do erro mesmo que ainda houvesse chances de ir por outro caminho. Fez apenas porque estava ali, aparentemente fácil...

Buscar fazer o certo não pode ser entendido apenas com base na recompensa que se pode ter, pensando na eternidade. Afinal, podemos fazer muitas coisas certas em nome do Senhor Jesus e ainda assim ouvir naquele dia que Ele não nos conhece! Devemos buscar o melhor caminho, seguir a direção do Senhor, sem a preocupação com ser justo demais, pois somos salvos pela Graça, nem em agir de forma errada por parecer trazer mais benefícios aparentes. Além disso, ainda que vejamos o erro em outra pessoa, não podemos esquecer que, em menor ou até em maior escala, nós também erramos! Isso não pode nos impedir de denunciar o errado, apenas deve nos levar a uma meditação sobre o contexto em que tudo aconteceu. Se foi como última esperança, última chance, por puro desespero, ou se foi por maldade exagerada mesmo. O mesmo erro pode ter diferenças! Por isso somos salvos pela Graça e não por nossas ações! Não deixamos de lado as ações, mas elas não nos salvam! Porque o Senhor sonda o coração e sabe o que mais incomoda sua vida. Pode ser que o mesmíssimo erro, que diante da lei humana seja passivo da mesma punição, ainda assim pela Graça haja sim formas diferentes de tratamento! Se não fosse assim, continuaríamos na Lei de Moisés... Mas isso não quer dizer que o erro está liberado! Apenas devemos ter em mente que o erro pode ser cometido por qualquer um, inclusive nós mesmos, e que o Senhor, além de avaliar o erro, vai avaliar o coração de quem errou, o contexto da história, e assim, com a Graça, a punição ou absolvição pode acontecer, mesmo que o erro seja exatamente o mesmo. E ainda há o caminho do arrependimento, mas isso é outra história...


Que possamos ter em mente que o maior problema não está no erro cometido em si, mas no contexto que nos levou a esse erro. Paulo insistia que o bem que ele queria fazer, não fazia e o mal que ele não queria, estava sempre diante dele! É assim com todos nós! Mesmo assim, Paulo orientava muitas pessoas que estavam em caminho de erro para deixarem isso. Esse reconhecimento não tirava dele a chance de falar do erro! Apenas deveria lhe dar o entendimento que além do erro, há condições que podem contribuir na mesma ação e situação, e que isso pode, ainda que seja um erro sim, nos dar a chance de confiar na Graça, por não fazermos por pura maldade. As outras pessoas podem estar na mesma situação! Podem errar, mas por conta de uma condição humana e não por muita maldade, por desejo pelo erro em si! Ainda que haja crime envolvido, e haja punição diante da lei igual para crimes iguais, diante do Senhor pode ter sim diferença. Acredito que seja fácil para nós entendermos isso quando é algo que nós mesmos fazemos. Aliás, alguns até exageram na "benevolência" consigo diante de um erro, ampliando o contexto e as explicações. Isso não é legal! É preciso entender o contexto sim, mas não ampliar a benevolência quando for conosco e ampliar a cobrança quando for com o outro! Que possamos dosar adequadamente esse contexto tanto com o outro como conosco. Pois não há quem não tenha cometido erros...

Forte abraço!
Em Cristo,
Ricardo, pastor

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